Pequenos Tesouros

O frio coalhou o azeite. Nada sai desta almotolia. O sol vai ajudar a que o fluido deslize. A almotolia, registo maravilhoso da forma/função. E da história e do belo. Há objectos assim.
A Mónica Coutinho partilhou o pão bento de Canelas da Régua, em forma de pinha (o pão de pinha! que conheci no livro de Mouette Barboff) e de passarinho, são oferecidos à Nossa Senhora das Candeias como pães votivos. Depois de benzidos, tem lugar a partilha.
Juro que este figo sabe a cereja, não sei qual a variedade, mas gostava de saber. Corre uma lágrima em tons de rosa pelo olhinho e a sua cor deixou-me curiosa. Engraçado é que comi alguns, uns estavam fermentados, outros ainda verdes e outros estavam no ponto ideal de doçura.
Almofias que contam histórias de sabor.
O ponto perfeito. O momento em que adstringência dá lugar à doçura. Naquele dia, estarão perfeitos. É por isso que gosto de dióspiros.
O pão. Não é fácil encontrar pão com sabor a pão. Pão que dure até ficar recesso, bom para as migas, açordas e fatias de parida. Pão que não nos azede o estômago pelo maltrato da receita simples de água, farinha, sal e crescente. Pão que nos encha a boca e nos mate a fome. Pão que oferecemos e partilhamos. Queremos o nosso pão.
Há muito que tomo este Presuntinho como um bocadinho do meu mundo. Não que tenha crescido com ele, mas o certo é que quando o conheci nunca mais deixei de o ter presente na minha vida. A gastronomia tem esta felicidade, quando nasce é para todos, não pertence a ninguém e pertence a todos. E o certo é que, sempre que posso, lá vou eu falando do bocado de história, de geografia e de cultura que é esta Pera Passa.
Lado a lado como duas irmãs. Quase gémeas, filhas da mesma receita, mas tão diferentes no feitio, no sabor, na textura. Uma da margem direita do Mondego, outra do lado esquerdo. Confesso que não resisto a ambas. Aliás, não resisto a queijadas.
O que eu aprendo com os meus alunos – zirra, um brinquedo feito com uma casca de nós, um pauzinho de castanheiro e cortiça. O resto é imaginação pura, criatividade de um povo que fazia do simples oportunidade para a perfeição de um momento feliz. Maravilha, obrigada Pedro Correia!
Ao fundo as castanhas, mas é o Pão de Ló que nos prende o olhar. Gosto de olhar este Pão que é de Ló e imaginar o sol da doçaria nacional e a lua que o acompanha. Delírios em vários pontos de açúcar. EHT Lamego, pastelaria.
Ao Sabor de Portugal